março 23, 2025

talvez dançar

tenha mesmo um

pouco de mágica que 

provoca algo no céu,

ou pode ser coincidência

que seja tu a me tirares

para dançar nas noites,

ao som da chuva 

no Ceará


milagre, mágica ou

sincronia, não importa.

tudo pode 

ser amor 

ser-tão:


eis o tempo de 

florescer


Cáh Morandi 

março 09, 2025

deixei de ser teu amor,

desisti de salvar para ti as memórias, para me sustentar um 
pouco mais nos teus dias.

deixei de perguntar sobre ti aos amigos em comum, deixei de ir aos 
teus lugares habituais para correr o risco dos encontros, deixei 
de te mandar as notícias interessantes que via por aí, 
deixei de contar publicamente sobre como 
o amor acontecia para mim após o nosso, 
deixei de provocar os sinais que enviava 
para ainda manter algo de mim em tua vida.

podes pensar que o fato de que não penses mais tanto em mim 
seja porque não me amavas tanto quanto imaginavas,

mas é mentira. mas deixo-te acreditar no que quiseres, 
menos de que eu fui sua dúvida.

Cáh Morandi

janeiro 21, 2025

contamos os pintas 

espalhada em meu colo,

os dias de sol deixaram 

sinais. vinte e seis, pois

fomos exatos 


acho que é disto que 

me lembrarei quando 

os cálculos de um amor

não darem mais tão certos:


a maneira que você resolveu

as dúvidas do meu corpo 



Cáh Morandi

janeiro 20, 2025

devia estar atenta de que

os nossos desejos podem 

acontecer, mas como poderia

lembrar? 


eu disse: “me esqueça, nunca 

mais me ligue”. assim aconteceu.

raiva de ti, raiva de mim por ter

que me convencer que o amor

acata ordens de alguém 

gritando em desespero


não me parece certo,

tu ou o amor podiam 

revoltar-se contra mim?

quebrem as minhas 

regras 



Cáh Morandi

janeiro 19, 2025

não saia em silêncio

você pode fechar a porta

quando, enfim, sair? 

bata, devagarinho, mas

o suficiente para que eu

escute da cozinha ou 

do quarto, faça barulho

por favor, deixe a chave 

cair, tropece no vaso de

espada de São Jorge, 

assobie para o cachorro

do vizinho que sempre está 

em volta, mas não deixe o

silêncio na tua partida, não 

desligue a música na tv, 

não desligue o chuveiro, não

tire a panela de pressão do

fogo, não saia pela porta 

dos fundos, não vá sem

dizer qualquer palavra desse

amor que foi repleto de 

poesia 



Cáh Morandi

janeiro 18, 2025

passei a tarde deste

sábado chuvoso 

a te procurar nas minhas

palavras, na tentativa 

de que o poema me

aquietasse, mas 


não sei me proteger 

da tua lembrança quando

os dias pedem afeto, mas


ao menos, de perder 

já não tenho medo


Cáh Morandi 

certas coisas não cabem no poema, nas músicas, 

 nas palavras, nos gestos, na contenção 

      criada socialmente para nos dizer: até aqui se pode sentir.

não dá. ando sentindo de uma maneira incabível

 em mim, em minhas relações com o mundo,

estou com o coração acelerado, estou com o corpo

      em milhões de desintegrações, estou flutuando

tão leve, que sou quase nada.

amo estar na minha presença,

dançar com os dedos nos traços

da minha idade, descansar

as mãos em meu cabelo e

acariciar meu cansaço,

cantar as músicas que invento

na voz disritimada das manhãs,

ver o contorno das minhas pernas

se cruzando com minha coragem

de permanecer dançando nas curvas

imprevistas que a vida dá


reunindo as minhas muitas

histórias, vou me compondo

de um futuro de tudo que 

intencionalmente não sei

sobre mim

Cáh Morandi 

dezembro 26, 2024

pode soar repetitivo 
dizer que, às vezes, 
encontramos nosso lugar
em uma pessoa 

mas soa novo
saber que, sempre,
ao encontrar o lugar,
nós somos a pessoa

Cáh Morandi
quando tuas mãos encontram
minha cintura e deslizam, 
é como gosto de te ouvir
dizer “bom dia” ou 
“venha cá”

é também uma forma 
de sorriso. é assim 
que leio nosso falar
em gestos

eu leio seus sinais 
de fogo, eu te digo
no olhar o quando

Cáh Morandi